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DIA 1 – 28 de Outubro de 2024

Começou a Escola São Paulo de Ciência Avançada “Co-criando avaliações de biodiversidade”.  Foram mais de 450 inscrições que resultaram na seleção de 57 participantes vindos de 22 países em quatro continentes. São pós-graduandos, pesquisadores em início de carreira, gestores e técnicos da área ambiental que estarão reunidos nos próximos 14 dias em São Pedro (SP) para discutir como tornar o conhecimento acadêmico sobre biodiversidade mais prático para a tomada de decisão.

O dia iniciou com apresentações de Mariana Cabral (USP) sobre a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) e sua relevância no financiamento de pesquisas no Estado de São Paulo e no Brasil. Cabral apresentou as linhas de fomento tanto para internacionalização da pesquisa quanto para biodiversidade, com especial destaque para o Programa Biota/Fapesp que completou 25 anos. Ao longo deste período, o Programa Biota abarcou 384 projetos que, até o momento, incluíram mais de 4 mil pesquisadores e de 6 mil publicações (entre artigos e capítulos de livro). Por fim, Mariana Cabral apresentou o projeto Biota Síntese, que reúne pesquisadores, gestores e sociedade civil com o objetivo de subsidiar políticas públicas voltadas à sustentabilidade em áreas urbanas e rurais do  Estado de São Paulo. Desde 2022 o projeto já gerou três notas técnicas: sobre biomassa de carbono no estado, sobre diferentes arranjos financeiros para o financiamento da restauração de ecossistemas e o desenvolvimento de estratégias para a implementação do Plano de Ação Climática do estado. 

Marisa Mamede (CNPq) apresentou as iniciativas em biodiversidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência nacional de financiamento à pesquisa e suas iniciativas no financiamento da pesquisa ambiental.  O programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD) completou 27 anos. Ao longo deste período, o PELD foi se aprimorando incluindo aspectos relacionados à gestão de dados e às contribuições diretas para a gestão ambiental .  Além disso, ao longo dos anos, foi identificada a necessidade de se criar uma iniciativa para produzir sínteses do conhecimento já produzido no país. Assim nasce o Centro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – O SinBiose. O SinBiose foi criado para tratar de problemas complexos e interconectados como a emergência climática, a perda de biodiversidade, a soberania alimentar e as doenças tropicais negligenciadas. Ao fim, Marisa Mamede destacou alguns dos  desafios da criação de um centro de síntese como este, que busca trabalhar na inter e transdisciplinaridade, em especial, o papel das agências de financiamento na promoção da cocriação e no incentivo à tomada de decisões baseadas em evidências.

Rodolfo Dirzo (Universidade de Stanford, EUA) discorreu sobre o tema “Biodiversidade no Antropoceno – Consequências para Interações Bióticas e o Bem-Estar Humano”, explorando as conexões entre biodiversidade, interações ecológicas e o bem-estar das sociedades humanas em uma era marcada pelo impacto humano. Dirzo explorou diversos aspectos relacionados à defaunação e como este efeito reverbera em todo o ecossistema. Um exemplo marcante apresentado pelo pesquisador envolve ratos e coqueiros de Atol de Palmyra no Pacífico Central. A invasão de ratos e de coqueiros na ilha gerou uma cascata de efeitos negativos na composição das espécies nativas, impactando a estrutura da floresta local e os locais de pouso de aves, que não nidificam nessas árvores. A defaunação, por consequência, afetou negativamente os ecossistemas costeiro e marinho.

O dia encerrou com a apresentação de Thomas Lewinsohn, coordenador da Escola, sobre as expectativas para este período. Para o pesquisador, há um desencontro entre a produção de conhecimento e seu uso prático, sendo que uma das propostas centrais da Escola é promover uma integração desses conhecimento, aprimorando o alinhamento entre criação e aplicação prática das informações. Para isso, Thomas Lewinsohn ressalta a importância de criar um ambiente colaborativo, onde as pessoas possam trocar ideias livremente e trabalhar juntas, sendo essencial que as percepções obtidas sejam aplicadas em problemas reais, que as experiências sejam compartilhadas e que novas parcerias sejam formadas. Além disso,  o pesquisador frisou que o conhecimento gerado ao longo da Escola deve ser organizado com uma linguagem prática e formatos que facilitem seu uso e entendimento para todos os envolvidos.

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SPSAS - Biodiversidade - chamada 2024

Escola de Ciência Avançada sobre Biodiversidade está com inscrições abertas

A Escola será realizada em São Pedro, SP, de 27 de outubro a 8 de novembro. Serão selecionados 60 pós-graduandos jovens pesquisadores e técnicos ambientais do Brasil e do exterior.

Estão abertas as inscrições para a Escola São Paulo de Ciência Avançada “Co-criando avaliações de biodiversidade”, que ocorrerá entre os dias 27 de outubro e 8 de novembro de 2024, em São Pedro (SP), a cerca de 200 quilômetros da capital paulista.

A Escola, produzida e organizada pela pós-graduação em Ecologia do Instituto de Biologia da Unicamp, visa capacitar jovens cientistas e técnicos ambientais para obter e analisar criticamente dados de biodiversidade com maior efetividade para atender a demandas concretas. “A Escola foi concebida como um curso teórico-prático intensivo e orientado para resolver problemas”, explica Thomas Lewinsohn, do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador geral da Escola.

Organizado no âmbito do programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), com apoio da FAPESP, o evento reunirá pesquisadores líderes em investigar diferentes informações de biodiversidade, com representantes de diferentes segmentos de usuários dessas informações. A escola combinará as demandas da sociedade – representadas por organismos multilaterais, órgãos de governo, ONG e setores privados – por informações de biodiversidade com as possibilidades atuais de se responder, com rigor científico, a estas demandas.

Os temas tratados incluem a conservação da biodiversidade, impactos de mudanças climáticas e de uso da terra, a efetividade de ações de restauração e manejo da biodiversidade, a manutenção de serviços e funções ecossistêmicas em diferentes regimes de uso e os usos socioculturais da biodiversidade.

Entre os palestrantes estão Bráulio Dias, do Ministério do Meio Ambiente e ex-secretário executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica; Diane Srivastava líder do Living Data Project e professora University of British Columbia; Robin Chazdon, da University of Connecticut e codiretora global da Assisted Natural Regeneration Alliance e Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental, ganhadora Prêmio de Engajamento Ecológico, Sociedade Ecológica Britânica em 2019.

Todos os participantes terão oportunidade de apresentar trabalhos ( pesquisas concluídas ou em andamento, ou então trabalhos técnicos em agências ambientais ou ONGs) em formato de flash talks.

Na segunda parte da Escola, os participantes trabalharão em grupos para desenvolver projetos focados em demandas e problemas reais, por exemplo, como comparar a diversidade em ecossistemas estruturalmente distintos; como avaliar os efeitos na biodiversidade de diferentes modalidades de cultivo, ou a efetividade de ações de conservação da biodiversidade.

Como resultado da Escola, alguns dos trabalhos em equipe poderão resultar em artigos científicos ou guias técnicos. “A intenção é que, ao fim da Escola, tenhamos contribuições tanto para ciência quanto para a tomada de decisão”, explica Simone Vieira, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Unicamp e vice-coordenadora da Escola.

A escola financiará integralmente a participação de 60 estudantes e/ou jovens pesquisadores do exterior e do Brasil. Os interessados devem se inscrever até 11 de março, às 15h, por formulário on-line. Espera-se que os participantes possam acompanhar apresentações e se comunicar minimamente em inglês.Os candidatos selecionados serão notificados no dia 1 de abril.