Participantes se dividiram em grupos de trabalho durante a segunda semana da Escola São Paulo de Ciência Avançada Co-criando Avaliações de Biodiversidade
Ao longo da segunda semana da SPSAS Biodiversidade, participantes e professores trabalharam em grupos sobre projetos focados em demandas e problemas reais discutidos ao longo da primeira semana de trabalho.
Conheça a seguir os temas escolhidos pelos 11 Grupos de Trabalho da Escola.
Grupo 1 – Valorização das contribuições das pessoas para a natureza em iniciativas socioeconômicas no Brasil

O grupo trabalhará com a valorização das contribuições das pessoas para a natureza na estratégia brasileira de bioeconomia. Segundo os estudos do grupo, apenas 16 países publicaram estratégias de bioeconomia que se dedicam explicitamente a promover a bioeconomia em sua totalidade.
O objetivo é produzir um resumo de política baseado em evidências para sugerir recomendações de políticas inclusivas que valorizem as contribuições dos povos indígenas brasileiros, das comunidades locais e dos pequenos agricultores para a natureza e, ao mesmo tempo, promovam um desenvolvimento justo.
Em particular, o grupo trabalhará nos valores não-materiais que existem na relação entre dois gigantes da Amazônia: o Pirarucu e as comunidades ribeirinhas.
Grupo 2 – Contribuições das pessoas para a natureza: uma abordagem biofílica para repensar conservação e manejo

O segundo grupo também desenvolverá um projeto sobre a Contribuição das Pessoas para a Natureza. Neste caso, com o objetivo de explorar a Biofilia para pensar a conservação da natureza, restauração e gerenciamento de ecossistemas.
Ao reconhecer e promover a conexão entre o homem e a natureza, o grupo propõe que as pessoas possam se tornar atores principais na preservação, restauração e co-gestão de sistemas naturais. O objetivo é criar uma estrutura a ser incorporada à Estrutura Conceitual da IPBES que inclua uma perspectiva que se apoie na Contribuição das Pessoas para a Natureza, para além da Contribuição da Natureza para as Pessoas.
Essa ideia será desenvolvida com base em três estudos de caso na Índia, no Brasil e no Sri Lanka.
Grupo 3 – Desvendando as relações entre ser humano e natureza por meio de uma abordagem baseada em rede

O grupo tem como objetivo integrar percepções humanas e conhecimento científico para mapeamento das interações entre espécies. A questão que orienta o grupo é: A integração das percepções humanas e das interações ecológicas pode facilitar a cocriação de iniciativas voltadas para a sustentabilidade dos sistemas socioecológicos?
A ideia principal é que as redes socioecológicas, combinadas com as interações ecológicas, podem ser desenvolvidas por meio de um processo de cocriação baseado na troca de conhecimentos e na construção de confiança com as comunidades locais. Para o grupo, esta abordagem pode permitir a visualização e análise de como as perspectivas humanas se relacionam com as interações entre as espécies ao longo do tempo — e, possivelmente, as alteram — e pode servir como primeira etapa para a co-construção entre pesquisadores, comunidades locais e outros atores.
Grupo 4 – Como co-criar estratégias de conservação de polinizadores ao longo de um gradiente de intensidade de uso do solo?

O grupo está interessado em estratégias para a co-criação de iniciativa para a conservação de polinizadores ao longo de diferentes gradientes de intensidade de uso da terra. 35% da produção global de alimentos depende da polinização por insetos, mas eles estão ameaçados por distúrbios antropogênicos, como a intensificação da agricultura. Ao longo do gradiente de intensificação agrícola ocorrem diferentes ameaças, e também diferentes arenas de negociação entre as partes envolvidas. Essas pessoas têm motivação/vontade/conhecimento diferentes, por isso é necessário desenvolver estratégias de conservação diferentes.
A ideia do grupo é criar um roteiro para que auxilie na criação de diferentes estratégias. O material é destinado a cientistas, profissionais, agricultores e formuladores de políticas.
Grupo 5 – Técnicas de monitoramento da biodiversidade para não especialistas: melhorando o envolvimento e o manejo adaptativo na restauração

A discussão desse apresentada pelos participantes foi dedicada a indicadores de monitoramento da restauração de ecossistemas. O grupo está particularmente interessado em técnicas de monitoramento da biodiversidade que sejam acessíveis a não especialistas, permitam a sua participação e que possam também aumentar o seu envolvimento na restauração.
O grupo pretende produzir um guia prático para os profissionais da restauração, incluindo critérios para a seleção de indicadores de monitoramento que permitam o envolvimento de não especialistas, exemplos de indicadores para ecossistemas florestais e de terras secas, incluindo definição, relevância para a biodiversidade, métodos de aplicação simples e eventuais limitações.
Grupo 6 – Identificação dos desafios no provisionamento da biodiversidade vegetal para ecossistemas não florestais na América do Sul e na África

Quais são os desafios para que uma ampla diversidade de plantas esteja disponível para a restauração de ecossistemas nativos não florestais na América do Sul e na África? Esta foi a questão colocada pelo sexta grupo da SPSAS Biodiversidade.
A restauração ecológica é uma solução importante para restaurar a biodiversidade em todo o mundo e certas situações exigem uma restauração assistida de forma moderada a intensa, o que, por sua vez, requer a adição de espécies de plantas por meio de semeadura ou plantio. No entanto, as espécies adicionadas geralmente representam apenas um subconjunto da biodiversidade desejada para um ecossistema restaurado.
O objetivo do grupo é identificar os desafios do fornecimento de uma ampla diversidade de plantas para a restauração e desenvolver uma estrutura que sintetize e organize o conhecimento existente e os principais desafios que precisam ser enfrentados para isso na América do Sul e na África. A ideia é apresentar essa estrutura em um policy brief para formuladores de políticas, governo e gerentes de programas de restauração.
Grupo 7 – Como incentivar o setor privado a financiar a conservação no Brasil? Um estudo de caso para a criação de planos de ação nacionais

O grupo propõe uma questão difícil: como incentivar o setor privado a financiar a conservação? Como resposta, sugere a criação do Green Hub: uma plataforma que conecta financiadores, atores interessados e parceiros estratégicos para implementar projetos de conservação no Brasil. Esses projetos devem estar alinhados com as metas da Convenção sobre a Diversidade Biológica e com os planos estratégicos governamentais existentes, como a Estratégia e Planos de Ação Nacionais de Biodiversidade e o Planos de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção.
A ideia é que o Green Hub possa fornecer um banco de dados de informações ambientais e políticas que ajude a orientar empresas e investidores para projetos de conservação existentes. O Green Hub também pode auxiliar no monitoramento da implementação de projetos e dos resultados alcançados, além de produzir relatórios para empresas e governos.
Grupo 8 – Roteiro para identificar oportunidades e desafios da implementação de créditos de biodiversidade na cadeia de suprimento de café na Mata Atlântica do Brasil

O oitavo grupo da SPSAS Biodiversidade está interessado em Créditos de Biodiversidade. Um Crédito de Biodiversidade é uma medida baseada em evidências de um resultado positivo em termos de conservação e restauração da biodiversidade. O grupo propõe a criação de uma diretriz para garantir que a biodiversidade seja integrada a instrumentos financeiros sustentáveis e alinhada com as metas “30×30” da Global Biodiversity Framework.
A ideia é desenvolver essa diretriz alinhando as metas globais e locais de biodiversidade, priorizando locais potenciais para a implementação de atividades que possam gerar resultados positivos de biodiversidade e, em última análise, traduzir-se em créditos de biodiversidade em nível local. Além disso, que esses créditos emitidos tenham métricas que possam ser alinhadas a um mercado global para várias partes interessadas.
Grupo 9 – Redefinindo a paisagem em métricas para créditos de biodiversidade

E as discussões sobre Créditos de Biodiversidade continuam no nono grupo, que tem como objetivo mudar a perspectiva dos projetos de créditos de biodiversidade ao propor a inclusão do contexto da paisagem nos sistemas de monitoramento dos créditos. Para isso, o grupo propõe a avaliação beta-diversidade nas paisagens, ou seja, a variação na composição de espécies entre os locais de uma área geográfica de interesse.
A avaliação das mudanças na beta-diversidade ao longo do tempo foi recentemente adotada por ecólogos que analisam a homogeneização e a diferenciação biótica de uma área, e tem o potencial de avaliar esse efeito no contexto da paisagem (por exemplo, o deslocamento ou o aumento das ameaças) em locais com projetos de restauração e conservação.
O grupo propõe, também, a elaboração de um Policy Brief destinado a profissionais da restauração e tomadores de decisão.
Grupo 10 – Como melhorar as avaliações de biodiversidade dos projetos de Crédito de Carbono?

O décimo grupo continua a pensar sobre a temática de Créditos e biodiversidade mas, desta vez, sobre como melhorar as avaliações de biodiversidade em projetos de Crédito de Carbono.
O grupo propõe uma abordagem estruturada para aprimorar o processo, que inclui a análise de relatórios de monitoramento e inclusão de atributos nos níveis de paisagem, comunidades, ecossistemas e espécies.
Com isso, o grupo pretende garantir que essas iniciativas contribuam genuinamente para a conservação da biodiversidade juntamente com as metas climáticas. Além disso, o oferecimento de uma abordagem padronizada para dar suporte a essas avaliações pode aumentar a transparência e a credibilidade em diversos projetos e regiões. Adicionalmente, isso pode ajudar os desenvolvedores de projetos a melhorar a qualidade de suas atividades, promover a certificação CCB Gold e aumentar o valor dos créditos de carbono.
Grupo 11 – Promovendo o uso do eDNA para o monitoramento da biodiversidade em regiões tropicais

O último grupo de trabalho da levanta a seguinte questão: Quão grande é o vazio? Promovendo o uso do eDNA para o monitoramento da biodiversidade nos trópicos.
O objetivo do grupo é promover o uso do eDNA para gerar conhecimento e orientar ações de conservação da biodiversidade nas regiões neo e afrotropicais. O projeto visa ajudar a reduzir o viés taxonômico, incentivar a capacitação e construir relações Sul-Sul e Norte-Sul.
Para isso, o grupo propõe a produção de um Policy Brief para fornecer informações e recomendações aos formuladores de políticas dos governos das regiões neo e afrotropicais sobre o potencial do eDNA como uma abordagem complementar ao monitoramento da biodiversidade e como apoio para a tomada de decisão em conservação.